sexta-feira, setembro 23, 2005

Safiras e Rubis

Não há logica nos verdadeiros imprevistos.
São isso mesmo, ilogicos e imprevistos e tantas vezes chocantes
Precisava de me reter em qualquer escarpa, numa falha de rocha e viver eternidades parasitando-a.
Liquenizar-me.
Talvez juntar-lhe umas vagas de mar, violentas, para me alimentar da agua e do sal, e livrar-me da morte lenta de secura e torreira de sol.
Não gosto de sol.
Gosto de me sentar à sombra, gosto de andar de chapéu, gosto de me refrescar.
Gosto de volúpia.
Do capricho de um champagne gelado derramado em goles de um peito que o deixa escorrer.
Por vezes confundem-me as paixões juvenis.
São sempre tão desprovidas de nada e no entanto contemplam tudo.
Tudo é confuso e extremo e parece demasiado sofrivel ou demasiado extasiante.
continuo a preferir a volúpia.
o luxo da carne
A carne é luxuosa, completa-se com um total vestido de pele e adorna-se de joias preciosas e luminosas na face.
temos os olhos e temos os lábios.
Safiras e Rubis
e uma roda da fortuna que gira eternamente dentro da nossa cabeça.
Dita-nos as sortes e os gostos
Lança-nos ao desafio e tempera-nos a libido
faz de mim menina,
Lolita
perversa e ingenua
submissa e impia
reinante e esquecida

Não me livro da volúpia maldita.

quarta-feira, setembro 21, 2005

5entidos

Queria poder dizer-te o quanto
E tambem perguntar-te o como
E ouvir na tua voz o onde
que marca o encontro
e tudo se inicia

Tornar tudo possivel
sentir o toque
na pele e no ser
as palavras que são som
o sorriso
a cumplicidade
de um saber antigo e eterno
partilhado

Beber de um chá de Jasmim
e ser 5 sentidos
de
divino

sexta-feira, setembro 16, 2005

Raiva

Na raiva, perco-me
na raiva quero morder
mas as dentadas são de choro.

Os olhos ficam disformes inchados
ficam sem brilho e enevoados

Na raiva, sinto o fado
sinto a ausência,
não navegamos nas horas
não transformas palavras em viagens

Visitas cidades, campos
encontras mundos
mas num lado ausente
numa outra esfera

a raiva é clone
é virgula
é um começo sem principio
um fim em infinito

a raiva
é sentir a tua falta
é a saudade
e o Barco Negro

segunda-feira, setembro 12, 2005

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by:Melanie Pullen
http://www.acegallery.net/past/p-r/pullenmelanie/

quinta-feira, setembro 08, 2005

Espreita

Sentir que entra novo alento
que a verdade é minha e não esquecida
Brincar e brincar
ver as estrelas do teu tecto
com a luz de uma lanterna

Evidenciar o peito,
subir acima dos saltos
cinto de ligas por baixo
muda as páginas do livro

Camisas, camisolas e saias
trapos
sou colar de perolas
fechado por uma fitinha de cetim

é boneca
é coquette
é espelhada
é estatua
é Venus banhada

http://www.pawelwojcik.com/grandfathersgirls/

quinta-feira, setembro 01, 2005

Biblia

Talvez não existam respostas que mereçam ser memorizadas, são efémeras.
Existe sempre a tremenda necessidade de arrasar em demanda, quebrar o silêncio, rasgar o crânio e roubar os tesouros.
Colecionar tesouros.
Não fazer nada com eles, roubá-los.
Ficam depois arquivados em caixas de madeira, sem nenhuma outra referência que não seja o "top Secret".
Passam a lixo anónimo, sem serem catalogados.
A sua função, morre no momento do furto.
Importa o furto e o vazio que deixam.
O tesouro transforma-se em cinza depois de conseguido.
Caixas e caixas cheias de pó.....inúmeras, às dezenas.
Empilhadas e desarumadas.
Nada que implique uma organização, têm que ser deixadas ao esquecimento e abandono.
uma imensa biblioteca de nadas....
armazém escuro e fétido...
frio, gelado e incomportável.
Não tem fim....não tem inicio...julga-se intocável e infinito.
Escandalosamente deambulante...no fundo é triste.......é descabido e inutil.
Por vezes, pequenos pólens transportam a luz..e lá dentro tudo brilha.
Mas a luz quando mais se fortalece, mostra a feissima verdade.
Quando mais aquece e aconchega, quando mais ilumina, maior é a revolta, mais se ira.
Quer o aconchego da concha que encerra.
Fecha-se e tudo repudia.
Impia
Nada esquece, nada permite.
regressa ao inferno de si....
Maquilha-se.