sábado, dezembro 03, 2005

Entra...

Um momento, um simples espasmo de tempo.
Voluntário se for espontâneo
Criminoso se forçado for
Um disparar, um brilho
e para sempre se o retém.
Caminham nas noites frias,
nas àguas que o inverno trouxe.
Cheira a chuva e cheira-me a mim.
Recosta-me no teu ombro e deixa-me adormecer
Por vezes
soltam-se coisas imprevistas
e fechamos nos dedos que se entrelaçam
o pico do universo.
Brilhamos na preguiça
e no silêncio do ócio deixamo-nos ficar.
Gotejam os telhados,
Os vidros embaciam também
Antónimos combatentes
Lavram o sentir dos dias.
O frio que se permite dominar
e o calor rebelde que em nós nunca se deixa abater.
Dá-me o teu peito
para que o abra de uma só vez.
Dou ao leito a cor do teu sangue
o som da tua agonia
e o culminar do teu ser.
Convidar a morte a entrar
para connosco se aninhar
e naquele ultimo momento
de lamina que fria sentes rasgar
nos sentirmos por fim aquecer.