quinta-feira, agosto 04, 2005

Faecem bibat qui vinum bibit

Quente a noite...
percorres-me com pontas de dedos
conquistas posição....

Aprisionas-me...
os meus pulsos cerrados
colocados atrás das costas
tentam lutar...
Estico os meus dedos e tento agarrar-te a pele
alcanço o teu abdómen e tento rasgá-lo

és mais forte...e mais vil te tornas
sinto os pulsos a estriar de tão apertado cerco

segues o sexo
segues o cheiro às cegas
sabes como entrar
sabes onde entrar

os meus cabelos
mais um instrumento na tortura
arrastados até ao limite
consegues-te mais profundo
e marcas-me com a totalidade de ti
em mim
a minha dor

não te chegam os gritos
a clemência
o meu rosto tem de exprimir

sobre as costas
e confortável
deitas-me

voz doce
vês-me e falas-me

a mão gigante
alcança o pescoço
aberta
no máximo da envergadura
a traqueia estrangula
o sangue rufa na carótida
barricado
o oxigénio suspende-se
o corpo entra em pânico

Luta
mais
mais

No limite do consciente
do absurdo
venho-me em gargalhadas
sem pudor
na tua cara

Na lingua que é morta
convido-vos em mim
"quem comeu a carne que roa os ossos"