Rapina

Hoje vai voar o abutre,
avisaram-me ontem.

Muita coisa que existe no ontem,
ainda que sendo passado,
sobrevive no presente

O Abutre sobrevoa em circulos
aguardando
com paciência
o momento da morte

Aguarda a carne que é morta
come-lhe pedaços grandes
não lhe incomoda a carcaça

A chacina alimenta a terra
Alimenta os vermes da terra
Alimenta tudo
Chega para todos

O passado começa
amarra-se na carne arrancada

A vida foi rapina
nada fica
nada resta