segunda-feira, junho 27, 2005

TransSiberiano

A Lua para lá dos Urais
é seca e vidente.

Vive com a inveja dos dias longos,
da ausência dos corpos
Vive na angústia de perpetuar as noites

A Lua,
brinca com as arvores
recebe a aurora que é boreal
espelha-se nos gelos
e esconde-se por meses e meses

Respira sozinha,
na latitude maior
Sente-se sozinha,
uma esfera única
Vive ferida por não poder compor
ou contemplar
Os corpos nús dos amantes...

Uivam-lhe os lobos...
E a Lua não tem nada para fazer...
De S. Petersburgo a Vladivostok...
uma imensidão de terra
de segredos e de solidão...